25 março 2013

Narradores de Javé


    É exibido, antes que o filme se inicie de fato, sinais de pontuação que vem apresentando o nome de pessoas que participaram no filme. Estes sinais se comportam de uma maneira peculiar ao ponto de nos fazer pensar que eles estão dançando conforme a música. Enquanto isso vemos que eles simulam alguns objetos como por exemplo: uma máquina de escrever, passos de uma pessoa, uma mesa de sinuca etc.
    O Filme começa começa com um rapaz correndo e logo percebemos que ele perdeu a balsa para leva-lo ao outro lado do rio, o rapaz vai para um bar e então começa toda a história do filme. No bar o leitor ganha a confirmação de que o rapaz de fato não é da região pois perdeu a balsa por conta do horário - que logo vai ser apresentado como uma caracteristica marcante das pessoas daquela região interiorana - e também por demonstrar muito “urbanismo” pelas suas vestes, relógio, modo de fumar e disc man.

    O Rapaz da cidade nos surpreende ao retirar os fones de ouvido pois neste instante percebemos que estavamos em cartase pois a música que o personagem ouvia era a música que pensavamos ser a música de fundo daquela cena - e de fato também era. O Rapaz vai até o balcão e pede um copo de água de coco, a suposta atendente do estabelecimento apenas o olha como se ele a tivesse interrompido de uma tarefa muito importante, ela estava lendo um livro. Souza - o filho da senhora que lê - diz para mãe fechar o livro, Zaqueu intervem dizendo que “as vezes é bom” aprender a ler e com um ar de mistério inicia um conto que para Souza seria um ótimo passatempo para o rapaz que provavelmente traria lucros ao estabelecimento por dormir em um quartinho nos fundos do bar.

    O sino da igreja do povoado de Javé é tocado, dentro da igreja todo o povo está reunido em meio a desordem, logo entra Zaqueu como um emissário em frente ao povo - e em frente aos santos da igreja - traz a notícia de que por conta da construção de uma barragem a cidade inteira será inundada, Wagner - visivelmente como o braço direito de Zaqueu - comprova o que Zaqueu disse com os fatos apresentados pelos engenheiros. Em meio a discussão é sugerido por Zaqueu uma maneira de salvar a cidade de Javé por meio de um registro em livro da história do local, este registro será composto por contos dos moradores de como foi dado o inicio da cidade. Um novo problema surge, os moradores em sua maioria são analfabetos totais e portanto se perguntam de quem será a “mão santa” que escreverá o livro. Um dos moradores sugere Antônio Biá pois ele é o único no povoado que sabe ler e escrever.

    É apresentado a icônica figura de Antônio Biá, um ex-funcionário dos CORREIOS que para não perder o emprego na cidade em que ninguém lia e nem escrevia, passou a escrever cartas contando os acontecidos reais e inventados dos moradores e endereçadas aos seus conhecidos de outras cidades. Quando os cidadões o descobriram ele foi afastado da cidade e passou a ser alguém inconfiável até o momento em que foi escolhido para ser o escritor do livro que salvaria Javé - do hebraico, "aquele que traz à existência tudo que existe". Antônio Biá neste momento receberia o papel de Javé.

    O personagem Antônio Biá, seus feitos e aqueles que o cercam serão frequentemente referenciados a crenças religiosas como logo de começo onde sua casa é mostrada e no umbral da porta está escrito a frase “Proibida a entrada de analfabetos” que faz referência biblíca aos umbrais pintados de sangue durante a décima praga do egito - a função da pintura nos umbrais seria afastar o anjo da morte.

    Biá inicia as suas entrevistas para saber as origens do povo daquela terra, nesta fase começamos a conhecer os personagens do passado como Indaleste e Maria Dina, cada um apresentado de formas distintas por pessoas distintas pois o interesse das pessoas passa a ser de projetar uma imagem e não retratar a realidade o que nos leva novamente ao questionamento da possibilidade de se retratar a realidade.

    Na etapa em que as entrevistas acontecem podemos ver outras referências biblícas como o dilúvio, o povo guiado por Moisés em busca da terra prometida e até mesmo Biá sendo adorado pelas crianças. A ligação bíblica presente no filme é evidenciada quando Biá brinca ao dizer que no tempo da biblía era fácil se contar uma história e escrever um livro. Com o passar dos dias Biá vai ganhando seguidores e passando a ser aquele que detém a verdade. Biá passa a ver o tamanho de sua influência e faz uso dela pra beber, comer e ganhar um corte de cabelo sem contar que até questiona uma de suas seguidoras se ele seria um “pokémon de Jesus” - um escolhido. Biá sempre tenta “florear” as histórias do povo e um fato que comprova isso é a frase que parece ser um ditado dele, “o fato acontecido tem de ser melhorado no fato escrito para que o povo possa crer no fato acontecido”.

    Em uma das entrevistas os leitores vêem uma clara referência ao voodoo, uma das religiões de grande importância na africana, logo após esta entrevista Antônio Biá volta para casa e lá tem uma visão que o preocupa pois ele viu um dilúvio sem aproximando. Os engenheiros chegam a cidade com suas tralhas tecnológicas - se não diabólicas -, ocorre uma conversa face-a-face entre a figura do Demônio e ado escolhido - Antônio Biá e o “Matador”. Um dos engenheiros começa a filmar os moradores do local, nesta parte podemos perceber algo interessante que é a recursividade de uma câmera mostrar a outra. No ponto de vista tecnológico uma câmera filma a outra e no ponto de vista narrativo, um ponto de vista é usado para mostrar outro.

    Próximo ao fim do conhecemos a figura de um louco que entra na igreja, o povo não crê nele mas Biá por ser uma referência da verdade da voz ao louco e este “condena” o fim da cidade pelas águas fazendo mais uma vez uma referência bíblica, desta vez ao dilúvio e ao Profeta Moisés, um velho de barba longa e com um cajado.

    Zaqueu chega na cidade, um encontro noturno é marcado e nele Biá irá apresentar e ler os contos do livro que teoricamente terminou de escrever. No encontro Biá não aparece e começa a ser caçado da mesma forma em que foi caçado quando aprontou nos CORREIOS. Biá é pego e levado diante ao povo, ele assume que não escreveu nada por considerar este um ato inútil pois o que a cidade tem de valor são “os contos contados” e estes não podem ser racionalizados pela escrita, logo, a cidade não tem salvação. Biá, ficou como o salvador falho de Javé pois a única coisa que ele sabia fazer era inventar verdades assim como os contadores que pareciam reinventar seus contos - coisa que os mesmos não tinham ciência por completo, segundo Antônio Biá.

    A cidade é inundada e vemos que pouca coisa pode ser salva como por exemplo o sino da igreja que tem de ser bem amarrado no topo do automóvel para que os seus portadores não o perca, assim mostrando o valor que é a fé recebe acima de quaisquer outras coisas. Vemos Antônio Biá escrevendo os acontecidos da cidade e acompanhando os moradores agora desabitados porque ele sabe que a sua importância não é determinada pela sua vitória ou derrota ao salvar a cidade mas sim pelo valor estimado por aqueles que nele crê.

    A história de Javé curiosamente voltou as suas origens por ter novamente um povo sem terra em busca de uma. O Filme termina com a voz de Zaqueu dizendo que esta é a história que se contam de Javé e que “é isso e não tem mais que isso, quem quiser que escreva diferente.”.

    24 março 2013

    Reestruturação do roteiro de “O dia em que Dorival encarou a guarda”




      A câmera nos revela uma delegacia militar através de um militar do exército fazendo guarda.
      Dentro da delegacia militar podemos ver paredes verdes com branco e um outro militar só que desta vez andando pelos corredores como quem vigia detentos. Ao passar por uma das celas o militar escuta uma voz vinda de uma das celas.


      DORIVAL: Ô Praça, vem cá. Aqui, ó.

      O militar vai até a cela de onde vinha a voz e escuta o detento que nos será apresentado brevemente.


      DORIVAL: Ô Praça, seja camarada: me leva até o banheiro e me deixa tomar um banho. Eu tou derretendo aqui dentro.


      PRAÇA: Não pode.


      DORIVAL: Não pode por quê? Eu não consigo dormir com esse calor.

      PRAÇA: São ordens.

      DORIVAL: Ô meu chapa, não custa nada. Faz dez dias que eu não tomo banho. Eu tô sufocando. Num instante eu tomo uma ducha, não custa nada.

      PRAÇA: Não pode.

      O detento se revolta pelo fato de suas justificativas serem inválidas segundo o militar, logo o nosso detento se estressa e quer saber o motivo de não poder tomar o seu banho.

      DORIVAL: Porra, mas isso é idéia fixa. Por que não pode, caralho?

      PRAÇA: Ordens.

      DORIVAL: E quem deu a ordem?

      PRAÇA: O cabo.

      O detento vê que discutir o assunto com o soldado - aquele que segue ordens do cabo - é perca de tempo então manda chamar o seu superior direto, o Cabo.

      DORIVAL: Então vai chamar o cabo que eu quero falar com ele.

      O louco não tem voz, Dorival tem que aceitar as ordens impostas à ele.

      PRAÇA: Chamo nada. Vai pro teu catre e fica quieto.

      O Detento discrimina o soldado e este o ameaça.

      DORIVAL: Escuta aqui, ô catarina, barriga verde, barata descascada, polaco comedor de sabão: Tu vai chamar esse cabo porque senão eu vou começar a gritar, a berrar, e dar porrada aqui dentro. Vou fazer um escândalo tão grande, mas tão grande, que vou acordar o cabo, a mãe do cabo, e até o general dessa bosta aqui. E não pensa que eu tô brincando não, catarina, porque eu vou começar a fazer isso agora mesmo.

      Após o delírio do cabo - as cenas que assimilam Dorival ao King Kong - entramos em uma cena de um caubói resgatando uma moçinha e o surgimento de um índio, logo percebemos que esta cena era o que o Cabo imaginava ao ler uma espécie de história em quadrinhos. O Soldado entra na sala gritando pelo Cabo.

      PRAÇA (V.O.): Cabo! Cabo!

      CABO: Qualé?

      PRAÇA: É o preso da cela quatro.

      CABO: Qualé?

      PRAÇA: Quer falar com o senhor, meu cabo.

      CABO: Qualé, qualé, rapaz?

      PRAÇA: Ele diz que vai armar um escândalo, que vai começar a gritar. Aliás, já começou. E é um negão desse tamanho, parece o King Kong.

      O Cabo questiona o intelecto do soldado.

      CABO: Um negão desse tamanho... Porra, catarina, tu vem interromper a minha leitura pra dizer que um negão desse tamanho, numa cela trancada a chave, começou a gritar, rapaz?

      PRAÇA: Mas cabo, eu não sabia se eu-

      O Cabo demonstra ter uma visão melhor da situação em relação ao Soldado Catarina.

      CABO: Tu não sabe de nada mesmo. Deixa que eu vou lá pra dar um jeito no negão desse tamanho.

      PRAÇA: Qualé, ô?

      Dorival fala com “jeitinho” pra ver se consegue persuadir o Cabo.

      DORIVAL: Cabo, eu queria pedir licença pra tomar um banho. É coisa rápida. Faz dez dias que não me deixam tomar banho. Mas hoje tá insuportável, palavra.

      O Cabo não se mostra tocado e questiona Dorival se ele sabe que está em uma prisão como prisioneiro, logo é privado de direitos.

      CABO: Tu sabe onde tu tá, ô cara?

      DORIVAL: Sei cabo, mas-

      O Cabo exige que sua superioridade seja relembrada ao falar e portanto corrige o detento.

      CABO: Senhor cabo!

      DORIVAL: Senhor cabo. Acontece que eu-

      O Cabo “desce do salto” e com preconceito explana a situação que Dorival parece não perceber.

      CABO: Acontece que tu tá em cana, crioulo, e malandro que é malandro chia mas não geme. Agora cala essa matraca e vai dormir.

      DORIVAL: Mas cabo-

      CABO: Senhor cabo, já disse!

      Mais uma vez o detento agride verbalmente os militares com a sua frase característica.

      DORIVAL: Cabo e merda pra mim é a mesma coisa.

      Dorival continua os insultos e mais uma vez não pede, ordena.

      DORIVAL: Viado. Tu não me engana com essa pinta, não. Teu negócio é dar o rabo pros recruta. Eu aposto que quem te enraba é esse catarina aí. Agora abre essa bosta que eu quero tomar banho.

      O Cabo já está ficando saturado com a situação e passa a se portar de forma tão desbocada e preconceituosa como o prisioneiro.

      CABO: Macaco não toma banho. E não me faça perder a paciência, crioulo, senão eu abro essa jaula e te mostro com quantas bananas se faz um piquenique.

      DORIVAL: Então abre. Abre! Abre ô boneca de catarina!

      O Cabo mais uma vez nos remete a questão da hierarquização.

      CABO: Tu tá com sorte, negão. Só não abro essa josta aí porque tenho ordens pra não abrir.

      Dorival acha aquilo uma babaquice e questiona o grau de conhecimento do Cabo quanto ao conhecimento advindo de sua hierarquia.

      DORIVAL: Ordens? Que ordens?

      CABO: Ordens, pomba!

      DORIVAL: Ordens de quem?

      CABO: Não interessa. Ordens são ordens.

      Dorival percebe que o Cabo é tão desinformado como o soldado e exponhe tal opinião e forma ofensiva para com o Cabo.

      DORIVAL: Tu é tão pé-de-chinelo que não sabe nem de quem recebe ordens?

      O Cabo tenta esbanjar conhecimento militar e hierárquico ao Dorival.

      CABO: E tu é tão buro que não sabe que cabo recebe ordem de sargento, ô?

      Dorival não se importa com aquilo e manda chamar o superior direto do Cabo, o Sargento.

      DORIVAL: Então vai chamar o sargento.

      O Cabo acha graça pois Dorival parece não saber com quem está mechendo.

      CABO: Tu tá doido, crioulo!

      DORIVAL: Olha aqui, ô boneca: Tu vai chamar esse sargento, porque senão eu vou fazer um escândalo tão grande nessa merda que vão te rebaixar pra recruta outra vez. E aí, babau, viu? Não vai ter catarina interessado em comer rabo de recruta. Vai chamar o sargento!

      CABO: Tu vai entrar por um cano, crioulo...

      O Cabo não aguenta e resolve chamar o Sargento pra tomar conta da situação.
      Entramos em uma cena carnavalesca e logo conhecemos a personagem Ana Neusa que está em um telefone público - em uma festa de rua - falando com o Sargento que está na sua sala.

      ANA NEUSA: Benhê! Eu não tô te ouvindo direito.

      SARGENTO: Não vai dar, eu tô de serviço a noite toda.

      ANA NEUSA: Não vai dar? Mas tu não falou com o tenente?

      SARGENTO: Não adianta, eu peguei serviço, são ordens.

      ANA NEUSA: O quê? Mas o Ademar falou que tu já perdeu muito ensaio. Ele vai ter que botar outro no surdo.

      SARGENTO: (Puta merda!) Azar, amanhã eu acerto isso com o Ademar.

      ANA NEUSA: O quê? O quê que tem o Ademar?

      SARGENTO: Nada! Amanhã eu falo com ele.

      Ana Neusa demonstra estar interessada em um homem que parece estar lhe encarando na festa.

      ANA NEUSA: Benhê...

      O Cabo entra na sala do sargento e este acena para que ele aguarde pois está em uma ligação.

      CABO: Dá licença, sargento?

      O Sargento retoma sua atenção ao telefonema.

      SARGENTO: O quê, Ana Neusa?

      Ana Neusa já conformada encerra a ligação, ela já parece ter algo em mente agora que está certa da ausência do Sargento

      ANA NEUSA: Nada. Um beijo.

      SARGENTO: O quê, negrinha?

      O Sargento olha para o telefone e o desliga, como estivesse incomodado com a interferência na mensagem - gramaticalmente falando. O Sargento agora dá atenção ao seu subordinado imediato, o Cabo. O Soldado apenas permanece ao lado direito - em um plano atrás - do Cabo.

      SARGENTO: Qual é o problema?

      CABO: Sarja, o crioulo da cela quatro tá a fim de bagunçar o coreto. Digo, desculpe, sarja, o preso da cela quatro.

      O Cabo explana o ocorrido mas percebe que o preconceito praticado contra o prisioneiro poderia atingir o seu superior e por isso se corrige.

      SARGENTO: Que que ele quer?

      CABO: Quer tomar banho.

      SARGENTO: Não pode.

      CABO: É, eu disse pra ele.

      SARGENTO: Então? Assunto encerrado.

      O Sargento , assim como o Cabo, possui uma visão superior ao do seu subordinado e não exita em cogitar a resolução do problema que neste caso é nada à fazer pois já está tudo feito.

      CABO: É, mas ele diz que vai armar um escândalo, começar a gritar, né?

      O Sargento e o Cabo começam a discutir sobre o ocorrência.

      SARGENTO: A essa hora da noite?

      CABO: É, o senhor vê.

      SARGENTO: Mas tu disse que ele não pode tomar banho?

      Aqui começa uma espécie de pensamento existencial quanto as ordens dadas.

      CABO: Disse, ele tem ordens pra não tomar banho.

      SARGENTO: Ele não tem ordens pra não tomar banho. Existem ordens para que ele não tome banho.
      CABO: Pois é. Ordens são ordens, né?

      O Cabo demonstra não ter compreendido a questão lógica que ali foi abordado pelo Sargento e então justifica o que foi dito com base nas condições hierárquicas.

      SARGENTO: Ele ameaçou gritar?

      O Sargento começa a cogitar tomar alguma providência e então o Cabo e o Praça/Soldado iniciam as argumentações que possivelmente ajudarão o Sargento a fazer algo - retórica.

      CABO: Ameaçou.

      PRAÇA: Ameaçou.

      Mais uma vez ocorre a cena do preconceito racial seguido de desculpas por respeito a hierarquia.

      CABO: É um baita dum negão deste tamanho. Desculpe, sarja. Tem um vozeirão que vou te contar, ô, se começar a gritar se ouve lá na escola de samba.

      A sonorização desta cena, o foco no rosto do Sargento e a sua expressão facial demonstrará que ele está decidido à fazer algo e que foi remetido a festa em que Ana Neusa estava presente e ele não.

      Mais uma vez a cena já construída se repete de forma recursiva. Temos um militar que chamou o seu superior direto pra resolver a situação e este tenta resolver com Dorival. Como já vimos antes, não irá dar certo e mais uma vez haverá questionamento das ordens, ofensas e mais uma vez a chamada do próximo superior direto.

      SARGENTO: Não pode.

      DORIVAL: Não pode por quê?

      SARGENTO: Não pode porque são ordens.

      DORIVAL: Mas ordens de quem, porra?

      SARGENTO: Não interessa.

      Dorival muda a sua abordagem respeitosa para algo mais malandro.

      DORIVAL:  Ô, sargento... Será que não dá pra esquecer essas ordens só por um minutinho? Eu tomo uma ducha num instante. Faz dez dias que eu-

      SARGENTO: Eu já disse que não pode. Chega de papo. Ordens são ordens. Amanhã a gente fala nisso.

      DORIVAL: Mas amanhã tem outro na guarda.

      SARGENTO: Então, outro dia.

      DORIVAL: Ah, tu tá é com medo!

      SARGENTO: Vai dormir que isso passa, rapaz. Não procura sarna pra se coçar. Meu lema é o seguinte:

      DORIVAL: Tu não tem lema. Pau-mandado não tem lema.

      SARGENTO: Olha aqui, rapaz. Devagar. Relaxa. Não tenho nada
      contra ti, mas eu sou sargento aqui e posso muito bem-

      DORIVAL: Sargento e merda pra mim é a mesma coisa.

      Agora temos uma referência explicita ao filme Casa Blanca onde neste temos dois personagens, Rick e Sam, ambos parecem estar sendo dublados respectivamento pelo Sargento e Dorival, que ainda mantém a discussão acesa.

      RICK/SARGENTO: Olha crioulo que eu posso te dar um pau.

      SAM/DORIVAL: Então vem!

      RICK/SARGENTO: Eu sou um cara de paciência, moreno.

      SAM/DORIVAL: Por que não me deixa tomar um banho?

      RICK/SARGENTO: Não pode!

      SAM/DORIVAL: Mas por quê?

      RICK/SARGENTO: Já disse.

      SAM/DORIVAL: E quem deu essa ordem?

      RICK/SARGENTO: Não é da tua conta.

      SAM/DORIVAL: Então eu vou começar a berrar aqui dentro.

      RICK/SARGENTO: Berra pra tu ver.

      Descobrimos que a cena do Casa Blanca está sendo transmitida em uma televisão na sala em que o Tenente está, o Tenente estaria assistindo o filme. O Sargento bate a porta.

      TENENTE: Entra!

      SARGENTO: Com licença, tenente?

      TENENTE: O que há, sargento?

      SARGENTO: Tem um preso fazendo confusão. Quer tomar banho.

      TENENTE: A essa hora?

      SARGENTO: É que ele não toma durante o dia.

      TENENTE: Por quê?

      SARGENTO: Ordens.

      O Tenente é mais novo que o Sargento o que sugere a uma abordagem moderna quanto a situação e esta ideia é comprovada pela posição de mão que o Tenente assume ao refletir sobre o ocorrido.

      TENENTE: Ele tem ordens de não tomar banho só durante o dia?

      SARGENTO: Não está especificado, tenente.

      TENENTE: Acho que, se não pode de dia, também não pode de noite.

      SARGENTO: Assim me parece, tenente.

      Mais uma vez acontece a cena da quebra de hierarquia onde o subordinado exige ao seu superior imediato que algo seja feito e este declara o assunto como resolvido e como já vimos isso resultará em mais uma discussão do superior com o Dorival.

      TENENTE: Então está resolvido o caso.

      SARGENTO: É que ele tá querendo confusão mesmo, tenente. Tá ameaçando gritar e acordar todo o mundo e tal e coisa...

      TENENTE: Mas quem é esse preso?

      SARGENTO: O nome dele é Dorival.

      DORIVAL: Me diz uma coisa, tenente, sinceramente: o senhor sabe quem deu essa ordem?

      TENENTE:  Vou te dar um conselho pro teu próprio bem, rapaz: vai dormir. Tu tá nervoso. Amanhã isso passa.

      DORIVAL: Se não diz é porque não sabe.

      TENENTE: Amanhã eu converso com o capitão sobre o teu banho.

      DORIVAL: Se não sabe quem deu a ordem e obedece, é um boneco. Não é um homem, é um boneco.

      TENENTE:  Me respeita, negro! Me respeita!

      DORIVAL: Tenente e merda pra mim é mesma coisa.

      Aqui ocorre o plot-twist (quebra da estrutura esperada), Dorival cospe na cara do Tenente.

      TENENTE: Cafre miserável, eu vou te dar uma lição!

      TENENTE: Alto, alto! Sargento...

      SARGENTO: Sim, tenente.

      TENENTE: Tem a chave dessa cela?

      SARGENTO: Sim senhor, tenente.

      TENENTE: Abra. Sargento!

      SARGENTO: Tenente.

      TENENTE: Espere um pouco. Traga reforços.

      SARGENTO: Sim senhor, tenente. Quantos homens?

      TENENTE: Bom... dois. Dois bastam.

      Dorival ri da situação pois já percebeu que os militares estão completamente perdidos pela falta de averiguação nas ordens dadas.

      DORIVAL: Tenente, quer saber quem deu a ordem?

      Dorival diz o porque da situação está ocorrendo - demonstrando superioridade através do conhecimento dos ocorridos naquela instituição.

      DORIVAL: Foi o carcereiro. Porque não vai com a minha cara. Na verdade, não existe ordem nenhuma. É só conferir pra ver. Vocês são mesmo uns pau-mandado, heim? Ah, ah, ah, ah, ah, ah, ah...

      O Tenente parece se enfurecer mais ainda pelo fato de Dorival, de fato, saber mais do que ele.
      Com muita arrogância, abuso de poder e raiva, o Tenente dá a ordem punição ao Dorival.

      SARGENTO: Vamos dar uma lição neste insubordinado. Que ninguém use arma de fogo sem receber voz de comando. É só umas porradas pra ele aprender a respeitar a autoridade.

      TENENTE: Muito bem. Abra.

      SARGENTO: Tu tá fodido, negrão.

      DORIVAL: Ah... Milico e merda pra mim é a mesma coisa!

      Dorival dá um grito como se indicasse o início de uma batalha.

      TENENTE: Segurem esse cafre! Batam! Com força!

      Neste momento vemos os pensamentos que os militares tiveram - cena do King Kong, Caubói e bateria da escola de samba - se tornarem em algo cruel graças ao fundo musical e as cenas de espancamento do Dorival.

      TENENTE: Limpem o sangue.

      O Tenente parece ter percebido o tamanho de sua crueldade pela forma com que ele diz para que os seus subordinados limpem o sangue de Dorival e pela forma que ele sai.

      Agora, na cena final, vemos Dorival machucado e caído no chão do banheiro tomando o seu banho, apesar de tudo, com um sorriso por ter conquistado o que tanto queria. O Sargento parece ter recebido a ordem de vigia-lo mas o mesmo sabe que esta tarefa  não se fazia necessária, haja visto o estado de Dorival que mau conseguia se levantar. O Sargento acende um cigarro para ele e outro para Dorival e então o filme se encerra.

      08 março 2013

      Códigos SWIFT

        Até o momento este foi o último aplicativo que eu postei na Google Play, Códigos SWIFT.

        O aplicativo é para consultas assim como o Tudo sobre Alistamento Militar. O usuário abre o app, seleciona um país, procura o banco dele e visualiza os dados condizentes ao objetivo do app - mostrar o branch e o código SWIFT de um determinado banco.

        Nele eu usei algumas ImageView, duas SherlockActivity, alguns EdiText, AutoComplete, Button, ListView e ActionBar Sherlock.

        Bio da Google Play: Uma lista para consulta de Códigos SWIFT de diversos bancos.
        Bastante útil pra quem quiser se cadastrar no AdMob, Adsense, PayPal...
        "Bank Identifier Code (BIC) é uma norma que tem por finalidade permitir a identificação de instituições bancárias através de um conjunto de números. Segue a norma ISO 9362.

        Esta norma define a estrutura e os componentes universais de identificação dos bancos (BIC) de maneira a ser utilizado nos tratamentos automáticos na banca e na finança.

        A Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication (SWIFT) gere esse códigos, por isso, muitas vezes o BIC é qualificado de código SWIFT.

        O BIC permite efectuar transferências transfronteiriças para as quais o encargo para o titular da conta não ultrapassa o custo duma transferência na rede nacional do banco."

        Mais bancos em breve!


        Não se esqueça de baixar o app na Google Play! :D



        https://lh6.ggpht.com/Xv9t7tYELnhoEo5kHoCFTeXNoysL80cIrnMg7x8yeN_nIek0bo2C2jrLWte3aDgSyCs=h230https://lh3.ggpht.com/G1uwbY9hEQFH0V0cV1X3zkn0heSvfDV7Hu-6FqnUe2DuFa7PodY-LnBeP372pKA3Mg0=h230

        05 março 2013

        Simple Hexadecimal Color

          A função deste app é bastante simples, exibir uma determinada cor a partir do seu código hexadecimal ou exibir o código hexadecimal a partir de uma cor selecionada dentro do app através de um color picker - o ícone do app representa um color picker.

          Os componentes visuais que eu utilizei neste app: uma pequena biblioteca que contém um color picker dentro de um Dialog, TextView, EditText, ABS (ActionBar Sherlock), MenuItem, LinearLayout, Buttons e nada mais.

          Quanto a lógica é bem simples, o usuário insere caracteres que podem ser valores de 0 a 9 e/ou letras de A a F, quando o usuário entra com a quantidade correta que é a quantia de 6 caracteres, o app seta aquela cor ao background do LinearLayout. Caso o usuário toque o ícone de um seletor que está localizado no canto direito superior da tela, surgirá um dialog para que ele selecione uma tonalidade e consequentemente uma cor que será setada como background no LinearLayout quando o botão "Ok" for pressionado.


          Bio da Google Play: Com este aplicativo você poderá selecionar uma cor e visualizar o seu código hexadecimal ou inserir um código hexadecimal e visualizar a sua cor correspondente!

          Por exemplo:
          #FFFFFF é a cor branca
          #000000 é a cor preta
          #FF00FF é a cor Fuchsia

          Instale o aplicativo e descubra quais cores são estas!
          #FF0000
          #00FF00
          #0000FF

          Cores no formato hexadecimal:
          -Sempre tem uma cerquilha/hashtag (#) no início do código.
          -Sempre tem 6 caracteres após o #
          -Estes 6 caracteres podem ser qualquer um destes: A B C D E F 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

          Cada combinação de 6 caracteres resulta em uma cor distinta!!


          Não se esqueça de baixar o app na Google Play! :D